Nossa percepção sobre os softwares que usamos mudou muito no decorrer dos anos.
Na realidade, ela está em constante mudança desde sempre.
Não usamos softwares como há cinco ou dez anos atrás e, dificilmente, usaremos como hoje daqui dez anos.
Isso acontece por uma condição natural do ser humano: Sempre buscar por caminhos mais fáceis e resultados melhores.
A nossa evolução como sociedade é prova disso. Passamos a estocar comida para não ter que se arriscar no inverno, criamos a roda para facilitar o transporte, criamos motores para dispensar o esforço braçal.
E, por último, criamos a assistente virtual por voz para não ter que digitar (e nem sequer ter que ler!).
Cada dia que passa, criamos novas soluções tecnológicas para diminuir dificuldades ou otimizar tarefas humanas.
Isso se aplica também ao contexto da evolução dos softwares.
Reduzir o tempo — e consequentemente o custo — e o esforço dos usuários nos produtos tem sido um investimento crescente das empresas.
É um efeito cascata: os usuários buscam melhores experiências, os clientes dos softwares querem que seus usuários tenham melhores experiências e, assim, as empresas investem para entregar softwares com melhor experiência.
A experiência do usuário (UX)
Pense, por exemplo, em um aplicativo de entrega de comida.
O aplicativo que tiver uma melhor experiência de uso vai atrair mais usuários.
Com o tempo, o número de clientes oferecendo comida vai crescer. Assim, os concorrentes precisarão investir numa melhor experiência para alcançar essa meta ou perderão seus clientes.
Tenho certeza que, ao ler isso, você já pensou em pelo menos dois aplicativos de entrega de comida e comparou suas experiências passadas!
Isso não acontece por maldade, é um gatilho natural: Nós queremos sempre a melhor e mais eficiente experiência.
A fase do deslumbramento passou já há muito tempo; estamos na era dos produtos e serviços digitais.
O mundo quer agilidade e excelência. Ter uma interface agradável é o mínimo ou você nem entra mais nesse jogo.
A forma, ou visual, nunca vendeu o software de fato e passou a ser, cada vez mais, um requisito básico, não um diferencial.
A verdade é que tudo foi pela a função, desde sempre.
Abrir um site e ter as músicas preferidas em destaque, com novas indicações de músicas do estilo musical que você gosta é o que encanta as pessoas.
Muito mais que uma introdução animada com as capas dos discos.
Ou entrar em um aplicativo e pedir um táxi e ver o percurso dele no mapa em tempo real enquanto o motorista vem até você. Não importa se o ícone do carro é colorido, bem desenhado ou realista.
É a resposta em tempo real, a atenção e a boa prestação de um serviço que faz questão de pensar no usuário, que torna o produto um grande campeão de vendas.
É aí que a Experiência do Usuário entra.
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O que um UX Designer faz?
O termo “Experiência do Usuário” (User Experience, em inglês) foi usado pela primeira vez por Donald Norman na década de 90.
Norman é um dos profissionais mais respeitados da área, considerado o “guru” da usabilidade.
Segundo Norman, Experiência do Usuário abrange uma série de aspectos abstratos da interação humano-computador. A sigla UX surgiu depois para abreviar o termo.
Desde que passamos a receber respostas mais complexas dos softwares — que cada vez passaram a tratar de tarefas mais complexas — se fez necessário aprimorar essas respostas.
O objetivo é que elas sejam mais adaptadas aos usuários, do ponto de vista emocional e psicológico ou, resumidamente, mais humanas.
Na prática, UX exige uma série de conhecimentos sobre o negócio que se pretende atender: aspectos comportamentais, pesquisa, entrevistas, análises, esboços, validações, desenhos, protótipos, modelos mentais e acompanhamento.
Esse conjunto de ações fez surgir um profissional que atualmente é conhecido como UX Designer.
A tarefa do UX Designer, em síntese, é representar o usuário no processo de desenvolvimento de um produto.
Trazer a visão dos usuários (ou potenciais usuários) dos softwares é o papel do UX Designer.
Para fazer isso, ele atua em vários âmbitos.
Sempre com objetivo de trazer simplificação a processos e tarefas para que o software fique cada vez mais aderente ao contexto dos usuários, do negócio e com os melhores caminhos e respostas para que eles tomem as melhores decisões.
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O diferencial do UX designer
Parece simples… o programador não é capaz de fazer isso?
Nas metodologias de desenvolvimento atuais adotadas pela maioria das empresas, o processo de desenvolvimento é interativo e exige repetições em ciclos com validações constantes.
Esse é o ambiente ideal para um profissional de UX.
A realidade é que inserir UX no processo é uma questão muito mais cultural da empresa, caso enxergue a necessidade dessa visão no produto.
A partir do momento que a empresa entende os benefícios dos processos e entregáveis de UX, ela vai querer isso desde o início do projeto até a entrega final.
Isso pode ocorrer por um bom resultado em um produto ou por uma exigência do mercado, ou dos clientes.
Uma equipe de UX realiza um conjunto extenso de atividades (algumas já citadas acima).
Assim, a verdade é que a empresa que preza pela qualidade e satisfação dos clientes investe em uma equipe de usabilidade.
E não é preciso procurar muito para perceber isso: As maiores empresas do mundo têm contratado cada vez mais profissionais de experiência do usuário, em diversos cargos relacionados.
O UX no mercado
Em um report lançado anualmente pelo LinkedIn, que lista as profissões e competências mais requisitadas pelo mercado, UX Design aparece em quinto lugar.
No Brasil, também foram identificadas profissões que estão em alta, de acordo com a Revista Exame e, novamente, lá está UX Design na lista.
É bom ressaltar que uma equipe de UX pode ser formada por profissionais de muitas áreas distintas, não só design e tecnologia (que são as mais óbvias).
Também podem contar com antropólogos, bibliotecários, analistas de negócio, e qualquer profissional que possa contribuir com o negócio que será atendido com aquele projeto.
Em que etapa do projeto o UX Designer aparece?
Por lidar diretamente com expectativas que tem relação à qualidade do software, o profissional (ou equipe) de UX precisa atuar do início ao fim do projeto, com entregas distintas em cada momento.
Um exemplo simples poderia ser:
No início do projeto
Pode contribuir com a identificação dos requisitos, fazendo entrevistas, pesquisas, utilização de técnicas, análises de backlog e outros documentos e materiais que possam ajudar a entender melhor o negócio, o contexto e os usuários.
Alguns documentos, gerados a partir destas atividades, vão ajudar a projetar a experiência.
Durante o desenvolvimento
Numa etapa posterior, usando mais de arquitetura de informação e design de interação, vai auxiliar os desenvolvedores a definir comportamentos para os componentes, padrões visuais com elementos e fluxos de uso coerentes e bem organizados.
Esse trabalho é iterativo e exige muitas validações e adequações, feito em proximidade com os desenvolvedores, o que acaba refinando cada vez mais o resultado.
Na entrega
Por fim, a entrega do produto exigirá análise e avaliação dos padrões adotados, testes de usabilidade e pesquisas de feedback.
Conclusão
Felizmente há cada vez mais reconhecimento da necessidade desse trabalho em empresas de software.
Com isso todos nós, que também somos usuários de tecnologia, saímos ganhando.
Diferente do que alguns acreditam, não existem equipes de UX só em agências digitais ou como pequenas equipes de 3 pessoas em empresas de tecnologia com centenas de funcionários.
Atualmente a realidade é bem diferente.
Se você deseja aprender UX, recomendo que busque informações sobre bons livros de usabilidade, design de interação e outras disciplinas que fazem parte da Experiência dos Usuários.
Se deseja se tornar um profissional de UX, existem diversos campos de atuação, em vários contextos, para um profissional desta área: pesquisador de UX, designer de UX e interfaces, arquiteto de informação, designer de interação, atuar somente com testes de usabilidade…
E ainda é possível atuar com UX em projetos específicos, alocando em clientes para identificar e projetar em uma ou mais soluções de software.
Experiência do Usuário é um campo aberto para explorar, com infinitas possibilidades para criar e inovar para tornar os softwares mais simples para nós humanos.