Autodesenvolvimento? Sim, é isso mesmo, você não leu errado.
Esse artigo não pretende te levar ao sucesso profissional como linha de chegada. Antes, pretende te conduzir a viver a excelência pessoal, tendo o sucesso profissional apenas como ponto de partida.
Will Durant
Nós somos o que repetidamente fazemos. A excelência, então, não é um ato, mas um hábito.
Muitos almejam o sucesso profissional, como se fosse seu próprio propósito de vida.
Por vezes, temos a ideia do sucesso profissional como nossa realização mais sublime, um lugar tão exuberante quanto um palco, onde são exibidos nossos troféus, aplausos e outras formas de reconhecimento.
Mas na verdade ele não passa de uma KPI (Key Performance Indicator), um indicador de sucesso.
A jornada do autodesenvolvimento
Se você ainda pensa assim, mirando no sucesso profissional, te convido a avançar para o próximo estágio: deseje a excelência pessoal.
Acredito que, acima de tudo, a melhor sensação desse mundo seja a de cumprir um propósito de vida.
Perseguir aquilo que te dá um senso de significado, deixar seu legado, sua mensagem eternizada neste mundo, ainda que vivendo no silêncio, aperfeiçoando-se continuamente sob o calor da rotina do dia a dia.
Se você se dispuser a alcançar seu estado de excelência, o estado da arte na sua vida pessoal, certamente não irá experimentar momentos como esse sem antes passar pelo sucesso profissional.
E a única forma para atingir essa excelência é o caminho do autodesenvolvimento. Se o conceito não ficou muito claro, vou colocar de outra forma.
Que tal uma fórmula pra facilitar o entendimento:
significado + autodesenvolvimento = sucesso profissional + excelência pessoal
Significado: Conheça a si mesmo;
Autodesenvolvimento: Aperfeiçoe sua rotina;
Sucesso profissional: A prova de que está no caminho certo;
Excelência pessoal: O cume da autorrealização.
Uma vez que você entrar no caminho do autodesenvolvimento, nunca mais vai querer sair.
A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará ao seu tamanho original.
Albert Einstein
Autodesenvolvimento é uma decisão individual, atemporal e impermeável
Antes de falar como aplicar o autodesenvolvimento a sua trajetória de vida, vamos deixar claro alguns pilares:
É uma decisão individual
Sim, quando o assunto é autodesenvolvimento, você é o único responsável por essa decisão e também pela sua implementação.
Não fique esperando que sua empresa facilite as coisas pra você, que ofereça cursos ou oportunidades de crescimento. Se isso acontecer, ótimo, mas não é a regra.
Esteja disposto a ser o único responsável pelo seu próprio crescimento.
É atemporal
Não vem com essa história de que você já passou da idade ou é muito cedo pra se preocupar com o autodesenvolvimento. Que é ainda apenas um estagiário ou que já chegou ao topo do conhecimento em sua carreira.
Hoje é o momento mais oportuno pra você se desenvolver. O melhor momento mesmo é ontem, mas receio que ontem já passou, não é mesmo?
É impermeável
A necessidade não se molha com as desculpas das águas turbulentas da vida, ou falta de dinheiro, de oportunidade, de tempo o de não saber por onde começar.
Se você escolher o autodesenvolvimento, pode até não saber como começar ou por onde seguir, mas tenho certeza que você sabe que não fazer nada é indubitavelmente a pior opção.
A seguir vou te apresentar 10 dicas de como você entra no mundo do autodesenvolvimento.
Seja seu próprio coach
Aprenda a responder a aí mesmo as seguintes perguntas: Onde você está? onde quer chegar? o que você fará para chegar lá?
| Pergunta | Historinha | Resposta sincera |
| Por que até hoje minha situação profissional não mudou? | Porque nunca me deram oportunidade, porque não sei como mostrar meu talento | Porque até hoje fui acomoado, me contentei em entregar produtos medianos, que dava menos trabalho |
| Por que meu salário não corresponde às minhas expectativas? | Porque aqui na empresa o profissional de TI não é valorizado, porque no Brasil um programador ganha pouco | Porque aceitei o preço que rotularam meu trabalho e nunca fiz algo de verdade pra mudar a situação |
| Por que meu salário não corresponde às minhas expectativas? | Porque não tenho tempo, as pessoas à minha volta me demandam mais do que consigo conciliar | Porque não aprendi a dizer NÃO com firmeza e educação, não estabeleci corretamente minhas prioridades e/ou não fui disciplinado para cumprir consistentemente a rotina que estabeleci |
| Por que não sou feliz no meu trabalho? | Porque trabalho é trabalho e não parque de diversões | Porque não lutei para construir uma carreira que faz conexão com meu propósito de vida |
Onde você quer chegar?
A dura realidade de onde você está não é determinante de onde você irá chegar. Você deve ser o responsável por definir onde você quer chegar.
O importante não é o que fazemos de nós, mas o que nós fazemos daquilo que fazem de nós.
Jean Paul Sartre
E não mire em algo que você sabe que consegue chegar com pouco esforço. Se não parecer impossível em um primeiro momento, não despertará paixão dentro de você.
Seja qual for seu sonho, seja firme consigo mesmo e estabeleça algo grande, aparentemente irreal, que te demandará alguns anos para ser realizado.
O que você fará para chegar lá?
Agora seja realista. Não adianta sonhar grande e pensar que o universo irá conspirar a seu favor. Você deve se preparar.
O encontro da preparação com a oportunidade gera o rebento que chamamos sorte.
Anthony Robbins
Mapeie seu estoque de conhecimento, habilidades e experiência. Quais projetos você já concluiu sozinho ou pode afirmar com toda certeza que conseguiria tocar.
Os contatos que você desenvolveu ao longo da carreira que poderiam te referenciar, ou com quem você poderia formar parcerias. Que cursos você deve fazer, para obter uma certificação ou uma habilidade prática essencial.
Seja claro, específico e organizado nesse quesito.
Ninguém te dará um roteiro ou uma grade curricular de faculdade. Você deverá fazer esforço mental de mapear os recursos que você deverá desenvolver em si mesmo pra alcançar seus sonhos.
Deixe suas pegadas no chão
Você pode até não gostar da tarefa que te foi passada, ou pode considerar um lixo o código do qual ficou responsável por manter.
Um problema que está na sua mão para resolver pode não ter sido causado por você, mas ponha uma meta em sua mente: se passa por você, você precisa deixar melhor do que estava.
Uma vez ouvi de um colega a teoria do Projeto Abacaxi que, em resumo, significa fugir de um problema, seja escondendo-o, passando o problema pra outra pessoa resolver ou jogando a culpa dos prejuízos em outra pessoa.
Você precisa ser identificado como a pessoa que resolve os problemas. As pessoas precisam saber que, quando um problema chega na sua mão, uma das seguintes coisas acontece:
- Se tem solução, é resolvido;
- Caso não tenha solução mas você não é a pessoa mais indicada, você dá toda orientação necessária pra que seja resolvido;
- Se não tem solução, você informa imediatamente a situação e dá alternativas para minimizar as consequências.
Não espere ser chefe ou ocupar um cargo de posição para tomar seu próprio posicionamento. Tenha coragem para falar e agir na hora certa, para brilhar quando todos estão se escondendo.
Foco na solução: primeiro resolva, depois melhore
Nós, desenvolvedores, amamos padrões de projeto, de arquitetura e automatizações.
Queremos enfeitar nosso sistema com coisas bonitas que massageia nosso ego, que fica bonito pra falar numa palestra. Mas esse nem sempre é o melhor caminho para resolver um problema.
Não existe um padrão indiscutível. Adote a melhor solução para um contexto específico, ainda que seja um monólito ou um script funcional sem nenhuma orientação a objetos.
Questione-se. Torne-se alguém capaz de encaixar o padrão no problema e não adaptar o problema para que se encaixe em um padrão.
Simplifique a solução o máximo que puder e priorize os requisitos da solução: velocidade da entrega, desempenho, manutenibilidade, flexibilidade para mudanças, etc.
- Se o problema exige entrega rápida, vai de monólito e depois você melhora;
- Caso exija desempenho, foque na configuração do servidor, nas SQLs e indexação de tabelas;
- Caso precise de manutenibilidade, vá de orientação a objetos, padrões de projeto e Object Calisthenics;
- Se exige flexibilidade, vá de programação orientada a configurações.
Tenha coragem para mergulhar
O versionamento trouxe uma segurança para os desenvolvedores, em voltar atrás quando algo dá errado, mas também trouxe uma consequência ruim. É fácil voltar atrás. É fácil esconder nosso medo de arriscar sob a sombra da prudência.
Você precisa mergulhar de vez em quando, fazer algo que não tem caminho de volta, que só tem uma única direção: pra frente.
Não estou dizendo que você não deve avaliar os riscos e as possíveis consequências dessa decisão, mas que você deve apostar mais em si mesmo de vez em quando.
Uma vez aconteceu o seguinte no meu trabalho:
Quando eu aprendi JWT, eu decidi mudar toda a arquitetura de acesso da aplicação que mantenho de sessões para JWT. Mas o fluxo de login e comunicação dos perfis da aplicação estava enraizado com as sessões. Por causa disso, eu não conseguiria fazer uma mudança gradual ou fragmentada. E o risco de travar a aplicação era alto.
Mesmo assim encarei o desafio. Criei bifurcações no comportamento da aplicação e caminhos alternativos que poderiam ser alterados com uma simples mudança de chave no arquivo de configurações.
Resultado: hoje tenho uma aplicação com total gestão sobre o tempo de vida das sessões e totalmente escalável para múltiplos servidores.
Cresça 1% a cada dia
Cresça pouco a pouco, mas de forma constante.
Você pode até dizer que não tem tempo para aprender uma nova tecnologia, mas não tem desculpa para aprender uma nova função, se aprofundar um pouco mais sobre orientação a objetos ou ter um código limpo, falando de forma bem técnica.
De forma mais abrangente, você pode ler pelo menos 3 livros ao ano sobre desenvolvimento pessoal. Recomendo:
“O Essencialismo: A disciplinada busca por menos” e “A ÚNICA Coisa: O foco pode trazer resultados extraordinários para sua vida“. Já li 4 vezes o Essencialismo e pelo menos 2 vezes A ÚNICA Coisa.
Se você não tem paciência para ler livros, vá de podcasts, vídeos no YouTube ou webinar como a GeekStream, artigos em blogs e, PRINCIPALMENTE, a prática cotidiana.
Não existe escola melhor que a prática inteligente ao longo do tempo. Tem gente que conta vantagem das inúmeras linguagens que conhece, mas isso não significa de fato uma vantagem.
O autodesenvolvimento também é tentar de novo
Uma coisa que aprendi é que, se hoje você não conseguiu fazer algo, não significa que você não é capaz; mas apenas que hoje você não tem conhecimento ou experiência suficientes para sua realização, ou ainda não fez a pergunta certa ao tio Google (rsrs).
Várias e várias vezes tentei implementar soluções que, naquele momento eu não consegui, mas depois de um tempo, com mais background profissional, foi tão fácil que fiquei me perguntando o que eu estava fazendo de errado antes.
Às vezes, você pode conseguir resolver até mesmo por pura “sorte”, ou porque estava com a mente mais leve naquele dia.
Não reinvente a roda, inove-a
Uso um framework que eu mesmo criei. Não publiquei ainda na internet, mas acredito que no futuro, quando eu tiver minha própria empresa, eu deva disponibilizar ao público.
Hoje navego nas águas profundas do PHP, pelo simples fato que tive que aprender muito da linguagem para construir meu próprio framework.
No início, o que mais ouvi foi: “não reinvente a roda”. Até descobrir que na verdade, você só sabe como uma coisa realmente funciona quando você se torna o engenheiro ou mecânico dessa coisa – no caso, a roda. A melhor forma de aprender bem algo é criando sua própria versão desse algo.
Não recomendo que você saia por aí criando sua própria versão de uma linguagem, um sistema operacional ou um framework. Já tentei reproduzir minha própria versão do React, inspirado no Vue.js, e descobri que esse mundo não é pra mim.
Eu tive motivos específicos para essa decisão e acertei na aposta.
Mas você pode experimentar criar sua própria API de acesso a alguma coisa, ou seu próprio template de dashboard HTML, ou o esqueleto de uma nova aplicação com funcionalidades básicas essenciais, tais como login e gestão de perfis.
O importante é você ir mais fundo na tecnologia que você usa, dominar se núcleo e conhecer bem suas bordas. Em algum momento, você irá “inventar” algo que irá te tirar da curva e te projetar para um nível mais alto de conhecimento.
Chamamos de impossível aquilo que ainda não foi feito
Não limite as fronteiras do seu conhecimento
Aprendi como é bom ser um desenvolvedor fullstack. Você consegue resolver qualquer problema sozinho, seja de infraestrutura, banco de dados, backend, frontend, análise de requisitos e conhecimento da área de negócios.
Na verdade, não foi minha decisão me tornar fullstack, apenas não tive outra opção.
Recebi desafios maiores do que eu na época e só podia contar com o YouTube o o Stackoverflow. Hoje, não existe problema que eu primeiro não tente resolver sozinho, através da documentação oficial da ferramenta ou pelo YouTube.
Então, se você é o cara backend, aprenda um pouco sobre frontend. Se você é o cara do front, aprenda do back.
Não precisa mudar seu ramo de atuação prática mas, no mínimo, você deve entender o que os outros estão falando quando estiverem falando sobre sua área de atuação, mesmo que de coisas abrangentes.
Volte ao feijão com arroz
Esqueça as linguagens da moda, você não precisa sair correndo para aprender qualquer coisa nova que é lançada no mercado.
Essa euforia da mídia em enaltecer as novas tecnologias e alardear como a Netflix ou outra empresa adotou a tecnologia em seus processos internos não é um divisor de águas para você.
É claro que conhecer algo que se consolidou o tem real projeção de crescimento, tais como Node.js ou Golang, pode te abrir portas inesperadas.
Mas acredito que o melhor conselho seja: foque na que você é mais produtivo. Existe espaço pra todos.
Os bancos, por exemplo, não extinguiram o Cobol. E você ainda vai encontrar muitas demandas de freelancer na internet solicitando quem tem conhecimento em Delphi.
Preparado para o autodesenvolvimento?
Se você seguir estes conselhos, acredito que se tornará um grande profissional e terá muito mais confiança em si mesmo. Será capaz de discernir por si mesmo o que vale a pena e tomar decisões difíceis em ambientes de ambiguidade.
Quero deixar mais um conselho: tenha coragem pra dizer que não sabe e humildade pra dizer que não entendeu. Você não precisa saber tudo, mas precisa ser bom no que você sabe.
A partir do autodesenvolvimento você vai ter um propósito bem definido. Portanto, não perca tempo para dar uma olhada na páginas de vagas para desenvolvedores, talvez esse seja um bom pontapé para o início de um grande futuro.
Espero ter contribuído para seu crescimento. Eu mesmo cresci enquanto escrevia este artigo. Forte abraço!
