Certo dia em São Paulo, eu decidi que o próximo passo da minha carreira seria para fora do país.
Beleza, mas e ai, como seguir ? O que fazer ? Por onde começar ?
A ideia daqui é compartilhar com você um pouco de como foi essa jornada e os principais desafios que encontrei até esse momento que estou aqui em Hamburgo na Alemanha.
O primeiro desafio, por onde começar?
Primeiro, por onde começar? Bom a minha estratégia não foi ir direto para as vagas, mas sim, me preparar!
Muitas das vezes trabalhamos focados em algumas tecnologias que acabam abstraindo muito o conceito técnico básico, então é muito importante revisar um pouco da teoria que fundamenta todo o trabalho.
No meu caso, para uma posição de engenheiro de software sênior, eu pratiquei algoritmos de ordenação, de busca e estrutura de dados no geral em duas linguagens fáceis de programar e explicar o meu raciocínio.
Eu os fiz várias e várias vezes até eu ter confiança e domínio em estrutura de dados.
Praticando…
Ah! E como praticar aqueles probleminhas que sempre aparecem nas etapas iniciais para vagas com programação?
Chega uma hora que a criatividade acaba e por isso existem algumas plataformas que eu utilizei que me ajudaram muito a me preparar para as etapas iniciais dos processos seletivos, que foram:
Além disso, eu recomento a leitura de um livro que explica as soluções de alguns problemas conhecidos com muita clareza: “Cracking the Code Interview: 189 Programing Questions and Solutions” do Gayle McDowell.
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Criando uma imagem
A grande diferença de procurar uma posição estando em outro país é que você não pode facilmente marcar um café com alguém para conversar, o processo de seleção na Europa geralmente possui muitos candidatos, então é importante lembrar de ter um bom perfil online, passe sempre uma imagem de confiança e crie seu portfolio de projetos ou desenhos!
Eu me dediquei em trabalhar em alguns projetos e estudos paralelos ao meu trabalho “formal” e sempre documentando-os no meu GitHub, que é uma das mais conhecidas plataformas de hospedagem de código-fonte, esse era o link ao qual demonstrava um pouco da minha capacidade técnica.
Lembre-se de deixar uma versão em inglês em todas as plataformas das empresas que apresentam o seu currículo, mantendo-o atualizado e conciso, para que em uma página o seu recrutador tenha uma foto de quem você é.
Diferentemente do Brasil, muitas posições pedem uma carta de apresentação, então é importante para que cada vaga que você se aplique você dedique um tempo adequado para demonstrar seu interesse e fornecer todos os detalhes necessários para uma inscrição efetiva.
Se dedicar para se inscrever em uma vaga é o primeiro passo para demonstrar o seu interesse.
Escolha a melhor vaga para você
No geral, enquanto você está se sentindo mais confortável e tem todos os seus documentos organizados é a hora de ir para cima das vagas!
Dedique tempo do seu dia para fazer uma busca que de fato se encaixe no seu perfil, que você tenha paixão pelo produto desenvolvido e pela cultura do país.
Para quem está fazendo o processo, ir para outro país as vezes parece mais um passo para trás do que para frente, nem tudo são flores e muitos gastos virão, então candidate-se em posições que você se vê no futuro.
Algo que já ouvi muitos dizerem é: “Se for só para desenvolver por que alguém mandou, contrate uma empresa e não uma pessoa.”
Então, seja aquela pessoa que além de potencial tem paixão pelo ramo de atividade da empresa.
Não se inscreva em qualquer oportunidade simplesmente pela vontade de realizar esse plano, sua vida vai mudar muito então você precisa estar bem confortável com o ambiente e o produto ao qual você irá dedicar horas do seu dia.
Sabe aquela vaga que você olha e fala, “Nossa, essa vaga é para mim!”? Então, são essas vagas que você tem a maior chance de sucesso!
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Passei na entrevista, e agora?
Comemore! Você conseguiu passar na entrevista e está super empolgado.
Respira fundo e vamos para as próximas perguntas: Quanto tempo eu preciso para me preparar? Quanto dinheiro eu vou gastar? Quando devo pedir demissão? Como será o processo de visto? Etc.
Uma dica que me ajudou muito foi tirar um tempo para me organizar antes de vir, então entre o meu último dia de trabalho até o dia de eu embarcar, eu tive em torno de 20 dias livres somente para me dedicar à organização da mudança.
Tirar esse tempo é muito importante para visitar consulado, resolver burocracia no cartório, fechar contas, vender móveis e muitos outros detalhes que você nem imagina.
Se planeje financeiramente, pois em muito dos casos você vai ter de converter alguns reais para se manter aqui no primeiro mês.
Aqui na Alemanha é muito complicado de encontrar uma moradia, principalmente à distância.
Em muito dos casos vocês vai precisar ficar em um hotel ou um Airbnb por algumas semanas até finalizar o processo de encontrar um local para morar.
Reserve o suficiente para se manter durante dois meses com tranquilidade, esse foi o tempo que levei para me estabilizar financeiramente, após pagar todos os impostos, seguros e cheque-calção do aluguel.
Desafios do dia-a-dia
Bom e vamos ao mais importante, que é a diferença e os desafios que você vai encontrar como desenvolvedor.
Desafio 1
Primeiro, a relação do trabalho com a qualidade de vida. Você vai perceber que quando der 18 horas o escritório irá esvaziar instantaneamente.
Então tome muito cuidado nas suas estimativas, o pessoal odeia fazer horas extras por projetos mal estimados, o que (in)felizmente não é comum no Brasil!
Desafio 2
Aqui é muito comum em uma mesma empresa você ter desenvolvedores dos mais diversos países.
O mais importante é entender as diferenças culturais de cada um. Não quero generalizar, mas brasileiros tendem a ser mais abertos e comunicativos, enquanto outras nacionalidades tendem a ter um relacionamento mais formal com o trabalho.
Se a daily é às 10:15, às 10:15 ela começa, com você lá ou não!
Horário é horário e não tem muitas desculpas de se atrasar alguns minutinhos. Eu mesmo peco muito nisso.
Desafio 3
Vim para a Alemanha e esperava encontrar o código mais lindo do mundo, ERRROOU!!!
Nem perto galera, geralmente a qualidade alemã dos seus sistemas públicos e carros não se aplicam muito ao software em si.
A falta de profissionais aqui é muito grande, então se você for muito bom ou muito ruim, vai ter espaço.
Respire fundo e comece a re-fatorar algumas coisas que eles claramente vão te agradecer.
Desafio 4
O idioma é uma a barreira? Depende!
Em muitas das empresas de tecnologia aqui o idioma oficial é o inglês, então é possível se virar, mas e fora do trabalho?
É bom dar uma estudada, isso vai fazer com que você se insira socialmente muito mais rápido.
Escolha um país que você tem interesse pela cultura e pelo idioma, isso vai tornar todo esse processo de imersão muito mais fácil!
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E todos esses desafios valem a pena?
Para mim, toda experiência vale a pena, seja ela positiva ou não.
No meu momento isso fez muito sentido, gosto de ser desafiado e conhecer novas culturas, todo um mundo novo se abriu a partir do momento em que cheguei, mas tudo tem um preço: amigos, família e conforto ficaram longe, para darem espaço ao novo.
Hoje estou satisfeito, pois estou reunindo duas coisas que amo: programar e viajar.
Te aconselho a pensar bem, conversar com pessoas que confia e entender o seu momento.
No final, as mesmas tecnologias que são utilizadas aqui também são utilizadas aí, se essa for a sua vontade manda bala, crie um plano e dê as caras, porque só consegue aquele que tenta.
