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Artes marciais no gerenciamento ágil de projetos com ShuHaRi

gerenciamento ágil de projetos

Você gosta de artes marciais ou se interessa pela disciplina e disposição mental que as artes do oriente proporcionam? Então vai gostar deste artigo sobre como implementar o ShuHaRi, do Aikido, no gerenciamento ágil de projetos.

Mas antes, vamos adentrar sobre o que é o gerenciamento ágil de projetos.

Quais são os principais tipos de métodos ágeis?

O desenvolvimento ágil é composto de metodologias que incluem práticas de projetos como programação em pares, desenvolvimento orientado a testes, sessões de planejamento e sprints, por exemplo, metodologias essas conhecidas como ágeis e inspiradas pelo Manifesto Ágil.

Os princípios do gerenciamento ágil de processos são:

  • Processo incremental ao invés do modelo em cascata;
  • Software funcional é melhor que documentação robusta;
  • Colaboração com o cliente acima de negociação de contratos;
  • Adaptabilidade;
  • Simplicidade;
  • Feedback constante;
  • Equipes pequenas, auto-organizáveis e de alto nível técnico;
  • Trabalho em conjunto durante todo o curso do projeto.

Saiba tudo sobre Metodologia Agile.

ShuHaRi: o que é?

shuhari

Tudo começou como uma indicação de minha orientadora Karina Klein Hartmann, no MBA de Gestão de Projetos, acerca de melhores práticas na implantação de times ágeis em organizações de baixa maturidade no gerenciamento ágil.

Eu me aprofundei no conceito ShuHaRi e fiquei apaixonado pela ideologia. Então, quero compartilhar um pouco desse conceito que pode auxiliar, e muito, a superar desafios de introdução de uma cultura agilista nas organizações.

Shu-Ha-Ri é uma maneira de pensar sobre como você aprende uma técnica.

O nome vem das artes marciais japonesas (particularmente Aikido), e Alistair Cockburn, cientista da computação americano, conhecido como um dos iniciadores do movimento ágil no desenvolvimento de software.

Ele introduziu como uma forma de pensar sobre técnicas de aprendizagem e metodologias para o desenvolvimento de software.

O professor mestre de Aikido, Endo Seishiro, nascido em 1942, está entre as poucas pessoas vivas que estudaram diretamente com o fundador do Aikido Morihei Ueshiba, e resume o seguinte conceito sobre ShuHaRi:

“Sabe-se que, quando aprendemos ou treinamos em algo, passamos pelos estágios de shu, ha e ri. Esses estágios são explicados da seguinte maneira. Em shu, repetimos as formas e nos disciplinamos para que nossos corpos absorvam as formas que nossos antepassados criaram. Nós permanecemos fiéis às formas sem desvio. Em seguida, no estágio de ha, uma vez que nos disciplinamos para adquirir as formas e movimentos, fazemos inovações. Nesse processo, os padrões podem ser quebrados e descartados. Finalmente, no ri, nós nos afastamos completamente dos padrões, abrimos a porta para a técnica criativa, e chegamos em um lugar onde agimos de acordo com o que nosso coração/mente deseja, desimpedido, sem ultrapassar as leis.”

Endo Seishiro

A técnica do ShuHaRi

O conceito de ShuHaRi pode ser aplicado da seguinte forma:

Shu

Neste estágio inicial, o aluno segue os ensinamentos de um mestre com precisão.

Ele se concentra em como fazer a tarefa, sem se preocupar muito com a teoria subjacente.

Se houver várias variações sobre como realizar a tarefa, ele se concentra apenas no modo como seu mestre o ensina.

Ha

Neste ponto, o aluno começa a se ramificar.

Com as práticas básicas trabalhando, ele agora começa a aprender os princípios subjacentes e a teoria por trás da técnica.

Ele também começa a aprender com outros mestres e integra esse aprendizado em sua prática.

Ri

Agora o aluno não está aprendendo com outras pessoas, mas com sua própria prática.

Ele cria suas próprias abordagens e adapta o que aprendeu às suas próprias circunstâncias particulares.

Ok? Mas como incluir o método ShuHaRi dentro dos métodos de gerenciamento ágil de projetos? É o que vamos conferir agora.

Gerenciamento ágil de projetos com ShuHaRi

A compreensão primordial da metodologia, é que ao se ensinar um conceito, deve-se adaptar o estilo de ensino para o estágio de conhecimento que o ensinado se encontra.

Procurando estabelecer qual seu nível de entendimento acerca do ensino, e definindo que a progressão segue um padrão comum.

Os estágios iniciais do aprendizado se concentram em passos concretos a serem imitados, o enfoque passa a ser definir princípios que necessitam ser bem compreendidos e assimilados de maneira integral. Esse é o estado Shu.

Se sua equipe possui baixo nível de maturidade ágil, não possui um histórico relevante de ciclos realizados e ainda não domina conceitos essenciais do Manifesto Ágil entenda que não existe milagre em gerenciamento de projetos. Não pule etapas.

Sua equipe se encontra no estado Shu

Neste estágio a melhor metodologia é o bom e velho SCRUM puro. Utilize-se da estrutura e organização já bem definida do framework.

Defina os papéis dos responsáveis no gerenciamento ágil de projetos, como Product Owner, Scrum Master, e demais envolvidos.

Estruture o ProductBacklog, execute o planejamento da Sprint, realize as cerimônias (as Daily’s, Sprint Review, Retrospectiva da Sprint) e torne visível e claro o progresso (utilizando o velho quadro Kanban).

Ou seja, não queira começar em um alto nível de maturação e agilidade. Nem pense em empregar apenas o método Kaban puro, pois a equipe sofrerá com a falta de controle, monitoramento e direção e gestores se ressentirão da falta de documentação e informações de progresso e andamento.

Sua equipe se encontra no estado Ha

Agora estamos falando de uma nova camada na gestão ágil de projetos.

Caso sua equipe já possua um nível maior de maturidade na aplicação dos conceitos, consegue desenvolver o Product Backlog com alto nível de assertividade e possui experiência em definir as Sprints com fluidez vocês se encontram no estágio Ha.

Onde se pode iniciar utilização de novos conceitos e métodos, abstrair alguns processos que se julgue redundantes ou mesmo que não sejam relevantes para o projeto em curso.

É uma etapa onde ainda se erra muito e se aprende com a experimentação, em um processo ainda doloroso, mas de extremo crescimento para o time.

Sua equipe se encontra no estado Ri

Contudo, se seu time já passou por essas etapas e possui alto grau de fluência, maturidade e expertise no gerenciamento ágil de projetos, você se encontra no estágio Ri.

Nessa etapa a principal tarefa, além de logicamente gerenciar os projetos com excelência, define-se por colaborar com a comunidade validando e criando novos métodos de processos, aprimorando Frameworks e criando métodos híbridos buscando a evolução constante do conceito e da aplicabilidade das ferramentas, utilizando-se de inovação.

Portanto, o conhecimento individual e da equipe sempre será o grande balizador de qual metodologia empregar na gestão de um projeto específico.

Por fim, gostaria de apontar uma definição de Clark Terry, trompetista americano de swing & bebop, um pioneiro do flugelhorn em jazz. Compositor, educador e professor de NEA Jazz Masters.

Segundo ele, sobre aprender a improvisar, deve-se endentar o momento que o time se encontra e então é possível escalar o processo em três etapas:

  • Imitar;
  • Assimilar;
  • Inovar.

Espero que tenha gostado do conteúdo sobre gerenciamento ágil de projetos com ShuHaRi, vou deixar também as principais referências que me serviram na produção deste material acadêmico e adaptado exclusivamente para o GeekBlog, caso queira pesquisar mais sobre o assunto:

REFERÊNCIAS
TERRY, Clark , 3 Steps to learning improvisation for your Agile journey.
ALVES, Felipe, Metodologia Scrum: um passo a passo para aplicá-la na gestão de TI.
COCKBURN, Martin, ShuHaRi.

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