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O guia completo sobre migrations para devs

Se você já precisou migrar um banco de dados em produção com usuários ativos e um cronômetro mental rodando na sua cabeça, sabe que migrations é uma verdadeira operação de risco.

E o risco não está só nos dados — está no impacto que uma migração mal planejada pode ter no sistema, na equipe e até na reputação da empresa. Um campo que não migra corretamente pode derrubar uma aplicação inteira. Um rollback mal escrito pode custar horas de trabalho e noites sem dormir.

Neste guia, você vai entender exatamente o que são migrations, como elas funcionam, quais são os principais tipos, erros comuns, e o mais importante: boas práticas para executar com segurança e previsibilidade.

Este conteúdo foi pensado para desenvolvedores e profissionais de TI que querem ir além da teoria e realmente dominar migrations, do conceito à aplicação em ambientes reais. Vamos lá?

O que é migrations?

Migrations são processos estruturados de transferência de dados, código ou sistemas entre ambientes. Em outras palavras, é a forma segura, organizada e controlada de mover informações ou alterar estruturas técnicas sem comprometer a integridade da aplicação ou dos dados.

No contexto de tecnologia, migrations são amplamente utilizadas em:

  • Bancos de dados (ex: criação, alteração e versionamento de tabelas)

  • Sistemas (ex: substituição de um sistema legado por um novo)

  • Ambientes de infraestrutura (ex: migração on-premise para cloud)

  • Código-fonte (ex: alterações em massa em estruturas de código versionadas)

Uma migration bem-feita documenta mudanças, permite rollback, evita erros em produção e oferece previsibilidade em ambientes críticos.

 É uma parte essencial de qualquer pipeline de entrega contínua, e é um instrumento de confiança entre time técnico e negócio.

Quais são os tipos de migrations?

Migrations não são todas iguais, elas variam conforme o que está sendo migrado e o contexto técnico. Conhecer os diferentes tipos é essencial para aplicar a abordagem certa e reduzir riscos. 

Vamos aos principais:

Migração de banco de dados

Esse é o tipo mais conhecido. Envolve mudanças na estrutura de tabelas, criação de novos campos, ajustes em relacionamentos e normalizações.

Exemplo real: uma fintech que precisa criar novas tabelas para suporte a Pix em seu sistema de transações.

Impacto técnico: alterações diretas na fonte de dados. Qualquer erro pode corromper registros ou tornar o sistema inutilizável.

Migração de aplicações/sistemas

Nesse caso, trata-se de substituir, atualizar ou mover um sistema de um ambiente para outro, como trocar um ERP antigo por um mais moderno, ou migrar de um sistema monolítico para uma arquitetura em microserviços.

Exemplo real: uma empresa de logística que migra seu sistema legado para uma solução SaaS personalizada.

Impacto técnico: envolve não só código, mas dependências, integrações e treinamentos. É uma das migrations mais complexas.

Migração para cloud

Refere-se à mudança de servidores e infraestrutura locais (on-premise) para ambientes em nuvem (AWS, Azure, Google Cloud etc.). Pode incluir dados, aplicações, VMs, serviços de rede e mais.

Exemplo real: um e-commerce que migra todo seu backend para a AWS em busca de escalabilidade e redução de custos.

Impacto técnico: exige planejamento de capacidade, segurança, compliance e testes de performance em ambiente novo.

Migração de código (versionamento e CI/CD)

Migrations de código ocorrem, por exemplo, quando há alterações significativas em modelos de dados e a base precisa refletir essas mudanças automaticamente via scripts versionados com suporte a rollback.

Exemplo real: um time que adota Sequelize para controlar migrations de banco via código versionado no Git.

Impacto técnico: melhora a rastreabilidade e reduz falhas manuais, mas depende de disciplina e padronização da equipe.

Quando usar migrations no seu projeto?

Migrations são indispensáveis em projetos que passam por evolução constante. Em contextos ágeis, onde a aplicação se transforma semanalmente, migrar corretamente é uma questão de sobrevivência técnica.

Use migrations quando:

  • mudanças estruturais no banco ou na aplicação

  • O time precisa de histórico e versionamento

  • O ambiente será substituído ou escalado

  • É necessário garantir reversão segura em caso de erro

Alguns sinais de alerta:

  • Aplicações quebram após deploy

  • Alterações manuais em banco são frequentes

  • Não existe histórico claro de mudanças no sistema

  • O ambiente de homologação não bate com o de produção

Se algum desses sinais apareceu no seu projeto, é hora de repensar sua estratégia de migrations.

Riscos e erros mais comuns em migrations

Uma migration bem feita é quase invisível. Mas basta um erro para ela virar protagonista — e não da melhor forma. Veja os principais riscos técnicos que afetam projetos com migrations mal estruturadas:

Perda de dados

A falta de backup ou a execução incorreta de scripts pode resultar em exclusão ou corrupção de registros valiosos. Isso é mais comum do que parece, especialmente em alterações de schema que não consideram dados legados.

Como evitar: sempre crie cópias de segurança antes de migrar, valide os dados pós-migração e nunca rode scripts destrutivos diretamente em produção.

Incompatibilidade de versões

Alterações feitas em um ambiente que não são compatíveis com a versão do banco ou do sistema em produção geram falhas críticas. É o tipo de erro que passa despercebido até a hora do deploy.

Como evitar: mantenha controle rigoroso de versões, testes automatizados e integração contínua.

Falta de rollback

Sem um plano de reversão, qualquer erro durante a migration vira um desastre sem saída rápida. Rollback precisa ser parte do script de migração, e não uma ideia de última hora.

Como evitar: escreva migrations com scripts de reversão e valide em ambiente de teste.

Falhas em produção

Problemas em migrations geralmente só aparecem quando já é tarde demais. Falhas em scripts, conflitos de dependências e erros humanos impactam diretamente usuários finais.

Como evitar: adote práticas de revisão de código, homologação em ambientes espelhados e pipelines automatizados para validação.

Checklist prático antes de rodar qualquer migration

Antes de pressionar “enter” e executar uma migration, vale a pena revisar cada item abaixo. São passos simples, mas negligenciados com frequência e que fazem toda a diferença entre um deploy tranquilo e um incidente grave.

  • Backup feito? Nenhuma migration deve ocorrer sem uma cópia de segurança recente e validada. Se algo der errado, você precisa ter como voltar ao estado anterior.

  • Scripts versionados? Migrations soltas, feitas diretamente em produção, são convites ao caos. Use versionamento e registre o histórico de alterações.

  • Testes locais realizados? Testar apenas em staging não é suficiente. Rode sua migration localmente, com dados reais (anonimizados, se necessário).

  • Rollback preparado? Toda mudança deve ser reversível. Um bom plano de rollback é mais importante do que confiar que “vai dar certo”.

  • Ambiente controlado? A migração precisa acontecer em um ambiente previsível, com controle de acessos e logs de execução.

Tratar esses itens como obrigatórios é o primeiro passo para incorporar migrations seguras no seu processo de desenvolvimento.

Ferramentas e tecnologias para fazer migrations com segurança

Migrations não precisam ser feitas “na mão”. Hoje, há uma série de ferramentas confiáveis que ajudam a planejar, versionar, aplicar e automatizar o processo de forma profissional. Abaixo, listamos as mais utilizadas e suas aplicações ideais:

  • Sequelize: ORM para Node.js com suporte robusto a migrations de banco de dados. Ideal para projetos JavaScript/TypeScript com versionamento via Git.

  • TypeORM: Suporte nativo a migrations e schema sync. Bom para aplicações em TypeScript com foco em desenvolvimento ágil.

  • Flyway: Ferramenta focada em migrations SQL, muito usada em bancos relacionais. Tem integração fácil com CI/CD e cloud.

  • Liquibase: Voltado para ambientes corporativos complexos. Permite controle preciso, changelogs e rastreamento de alterações.

  • AWS DMS: Ferramenta da Amazon para migração de dados em larga escala. Útil em processos de modernização de infraestrutura para a nuvem.

Cada uma dessas soluções pode ser integrada a pipelines de deploy, garantindo que migrations aconteçam de forma automática, validada e segura.

Boas práticas para uma migração bem-sucedida

Além de ferramentas, boas práticas fazem a diferença entre uma migration confiável e um risco técnico. Aqui estão as que mais importam:

  • Versione suas migrations: Use controle de versão (como Git) para garantir rastreabilidade e colaboração.

  • Automatize via CI/CD: Reduza erros manuais ao integrar migrations nos pipelines de entrega. Isso garante que o mesmo processo funcione em todos os ambientes.

  • Documente cada mudança: Escreva descrições claras sobre o que a migration faz, por que foi feita e como reverter.

  • Teste antes e depois: Verifique se os dados migraram como esperado e se o sistema continua íntegro após a mudança.

O segredo é tratar migrations como código e não como tarefas pontuais ou improvisadas.

Exemplo prático: como rodar uma migration com Sequelize

Vamos colocar a teoria em prática. Abaixo, um passo a passo simples e breve de como criar e rodar uma migration com Sequelize, uma das ferramentas mais usadas em projetos Node.js.

1. Criando a migration

npx sequelize-cli migration:generate –name add-user-role-column

 

Esse comando cria um arquivo de migration versionado com timestamp.

2. Editando o script

module.exports = {

  up: async (queryInterface, Sequelize) => {

    await queryInterface.addColumn(‘Users’, ‘role’, {

      type: Sequelize.STRING,

      allowNull: false,

      defaultValue: ‘user’,

    });

  },

 

  down: async (queryInterface, Sequelize) => {

    await queryInterface.removeColumn(‘Users’, ‘role’);

  }

};

 

Aqui, adicionamos uma nova coluna role à tabela Users. Também definimos o rollback correspondente.

3. Rodando a migration

npx sequelize-cli db:migrate

 

Se tudo estiver certo, a alteração será aplicada ao banco com segurança — e registrada no histórico de migrations.

 

Conclusão

Migrations são etapas cruciais para garantir que sistemas, bancos de dados e infraestruturas evoluem com segurança, sem comprometer a integridade dos dados ou a estabilidade da aplicação. 

Existem diferentes tipos, como migração de banco, sistemas, cloud e código e cada um traz seus próprios desafios técnicos. Para enfrentá-los com confiança, ferramentas como Sequelize, TypeORM, Flyway e outras permitem versionar, automatizar e controlar cada mudança. 

Mas não basta ter boas ferramentas: práticas como manter rollbacks prontos, testar antes e depois da execução e documentar cada passo são tão essenciais quanto o código. Ignorar esses cuidados pode levar a falhas críticas, perda de dados e impactos diretos no negócio. Em resumo: migration bem feita é uma garantia de continuidade e confiança no seu sistema. Agora, você se sente pronto para fazer uma? Até a próxima!