O desenvolvimento ágil existe há décadas, mas a publicação do Manifesto Ágil, em 2001, tornou populares os conceitos de processos rápidos, iterativos e orientados a resultados, conhecidos também como metodologia agile.
Mas como podemos usar os conceitos que transformaram o desenvolvimento de software com as equipes criativas?
Aqui mostraremos os elementos ágeis mais importantes e como você pode aplicá-los para trabalhar melhor com sua equipe de criação.
Bora lá? Esse é o conteúdo que você verá hoje:
O que é Desenvolvimento Ágil de software
O Manifesto pelo desenvolvimento ágil é uma crítica ao formato de execução do desenvolvimento realizado com as metodologias mais disseminadas como BDUF, por exemplo, principalmente pela burocratização de processos e pelo tempo gasto.
O desenvolvimento ágil de software vai além de metodologias como Scrum, Extreme Programming ou Feature-Driven Development.
Esse tipo de desenvolvimento de software sugere práticas de execução de projetos como o pair programming (programação em pares), o desenvolvimento orientado a testes, sessões de planejamento e sprints.
Podemos afirmar que seja uma prática fundamentada nos valores e princípios expressos no já citado manifesto para desenvolvimento ágil de software e nos 12 princípios por trás dele.
O texto de abertura do manifesto é o seguinte:
“Estamos descobrindo maneiras melhores de desenvolver software, fazendo-o nós mesmos e ajudando outros a fazerem o mesmo. Através deste trabalho, passamos a valorizar:
Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas
Software em funcionamento mais que documentação abrangente
Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos
Responder a mudanças mais que seguir um plano
Ou seja, mesmo havendo valor nos itens à direita, valorizamos mais os itens à esquerda.”
© 2001, 17 autores.
Assim, não apenas a forma de trabalho vem sendo alterada e conhecida pelo termo Ágil, mas algumas das competências influenciam na montagem de equipes de trabalho.
São fatores como flexibilidade para lidar com mudanças constantes de cada ciclo de desenvolvimento.
A resiliência para aceitar pontos que são premissas ou requisitos técnicos e de negócio
E a capacidade de empatia, para melhor entender e se comunicar com os clientes e membros do seu time.
Saiba quando foi criado o Manifesto Ágil e quais os 12 princípios do manifesto.
O que é Metodologia Ágil
É uma disciplina que estuda um conjunto de comportamentos, processos, práticas e ferramentas utilizados para a criação de produtos e sua disponibilização para os usuários finais.
O objetivo geral da abordagem ágil é produzir um produto funcional em um curto espaço de tempo. Tradicionalmente, o cliente vê o produto apenas quando está pronto.
Na abordagem ágil, o cliente está envolvido em todas as etapas do caminho e, na verdade, é incentivado a dar seu feedback.
Dependendo do feedback recebido do cliente, são feitas mudanças durante o desenvolvimento.
Dessa forma, o cliente obtém exatamente o que deseja e não há rejeição do produto (como costuma acontecer no desenvolvimento de projetos tradicionais).
A criatividade no Desenvolvimento Ágil
Se você está se questionando se existe espaço para exercer a criatividade em um ambiente Ágil, te digo: é justamente a experimentação e a consciência de que suas ideias não são finais (já que as ideias estão sempre sendo revisadas pelo cliente), que liberam os desenvolvedores da pressão da perfeição.
E esses pontos maximizam o sucesso na entrega final.
Existem 3 pontos principais do desenvolvimento ágil e vamos ver agora como eles estão relacionados à criatividade nas equipes:
Velocidade de produção
Ao trabalhar com clientes em projetos de equipes criativas, uma abordagem ágil pode evitar que você perca tempo com suposições, interpretações errôneas ou aperfeiçoamento de detalhes que, em última análise, não importam.
Quando você apresenta um mock-up rápido, um protótipo funcional ou um design bruto para um cliente, pode esclarecer objetivos, necessidades, prioridades e solicitações.
Gasta-se menos tempo (e menos dinheiro) com retrabalho e mais tempo trabalhando naquilo que o cliente e a equipe realmente consideram importante.
Feedback relevante
O usuário, ou cliente, é o juiz máximo do valor ou utilidade de um produto. Não importa se a equipe ama o que entregou; importa se o cliente, o usuário final, adora, usa e recomenda.
Ao realizar lançamentos antecipados, frequentes e obter feedback de usuários reais, você aprende na prática como fazer um produto que funcione para eles.
Então procure maneiras de obter mais feedback de pesquisas, enquetes, questionários de clientes e converse com eles.
O feedback pode ajudá-lo a melhorar em tudo, desde o relacionamentos com os clientes até os produtos finais e os processos de design.
Além disso, crie e use vias regulares de feedback entre você, o(a) líder da equipe e o time, tanto coletiva quanto individualmente.
O feedback contínuo torna a melhoria e o incentivo uma parte regular do trabalho e remove o drama e o estresse dessas revisões anuais.
Adaptação rápida
O feedback é inútil se você não agir de acordo com ele. Deixe que o feedback influencie sua equipe, seu produto, seu processo.
É assim que o desenvolvimento ágil funciona: o poder do feedback relevante leva a adaptações inteligentes para a próxima iteração.
Pivotar o feedback pode significar descartar um recurso que fazia parte do plano inicial, descartar uma solução antiga ou ajustar radicalmente a funcionalidade e o design do produto para atender aos requisitos do usuário.
Como sua equipe criativa pode usar o feedback para uma melhor adaptação? Primeiro, você precisa levar a sério as necessidades do usuário ou cliente.
Não importa, no fim das contas, se os desejos do seu cliente atendem à estética do seu design ou não; o que importa é que o cliente obtenha um produto final que atenda aos seus propósitos.
Adaptar significa encontrar o equilíbrio entre as lições aprendidas a cada lançamento e a capacidade criativa e a sensibilidade da sua equipe.
Como mudar um time que não é ágil
Se o seu time atua hoje num processo de desenvolvimento tradicional, precisamos ser sinceros aqui e dizer que haverá um choque na mudança, que a adaptação parecerá caótica no começo.
Haverá um tanto de conflito e de discussão, e esse choque é necessário para que as equipes aprendam a se colocar de maneira mais ativa. Pois conforme sua equipe entra no ritmo de lançamentos e ajustes rápidos, eles começam a confiar no processo!
Mesmo se uma iteração em particular não estiver de acordo com seus padrões, a próxima chance de repensar e redesenhar estará disponível em breve.
Usar a abordagem ágil pode ajudar a libertar sua equipe de criação dos obstáculos repletos de angústia, incerteza e perfeccionismo.
O resultado, no entanto, pode ser um fluxo de trabalho libertador e unificador que libera uma criatividade de altíssimo nível.
Portanto, ser criativo requer mais equilíbrio do que excelência técnica ou artística.
Durante um cenário de crise, poucas empresas investirão recursos extras para verificar a aplicabilidade em termos de receita de determinada “inovação”, por isso, talvez ambientes ágeis se tornem cada vez mais uma premissa para que a inovação aconteça.
Qual o diferencial do Desenvolvimento Ágil
Uma coisa que separa o Agile de outras abordagens para o desenvolvimento de software é o foco nas pessoas trabalhando de forma unida.
As soluções evoluem através da colaboração entre equipes multidisciplinares com papéis claros que as possibilitam utilizar determinadas práticas e ferramentas no seu dia a dia.
Os squads e a mudança nas equipes
O conceito de frameworks e metodologias ágeis ajudam a explicar sobre a mudança estrutural das equipes de desenvolvimento, que passaram a ser mais enxutas, e cada vez mais diversas, englobando tarefas relacionados ao estudo do comportamento dos usuários.
Assim, não desenvolvedores passam a ter papéis e objetivos tão importantes em formato de lideranças focadas por expertises como jornalistas, designers de interação, pesquisadores, entre outros.
Com isso, emergem os líderes que têm em comum uma habilidade técnica que os possibilita transitar entre os programadores e desenvolvedores, ás vezes liderando pequenos times multifuncionais, ou o que em algumas empresas são conhecidos por “squads”.
O atual cenário das equipes
Atualmente, o gerente de projetos, coordenador de planejamento ou scrum master, também se estabelecem nas figuras do Líder Técnico, Lead Design e Product Owner.
Cada um deles responsável por parte do planejamento estratégico concernente aos KPI’s de negócio, que deverão ser atingidos durante a entrega de cada etapa ou ciclo do desenvolvimento ágil.
Nesse cenário, uma área ou diretoria pode adotar diversos “frameworks” ou “metodologias ágeis” e entregar produtos de forma mais rápida.
Isso, alinhando o sistemas adotados entre as atividades nos níveis de equipes, times, áreas de forma estruturada, onde existe uma atuação em nível de área de conhecimento horizontalizada e em nível de projeto de forma verticalizada.
É o caso de muitas startups, empresas e consultorias de tecnologia que têm em comum a prático dos valores do desenvolvimento ágil, onde se pode adotar em um mesmo ecossistema o Design Sprint, o Scrum, Lean, XP.
Nesse contexto o ponto em comum entre os integrantes dos times são as entregas focadas ciclos predeterminados de tempo, onde a principal entrega de valor é a qualidade durante o processo pela constante interação entre pessoas em espaços curtos de tempo.
Sugestão de leitura:
📚 Agile Creativity: Agile Principles For Creative People (em inglês)
Você e sua equipe já praticam o desenvolvimento ágil ou estão interessados em começar? Conte pra gente aqui comentários!